Ela era uma senhora esquelética e andava encurvando as costas, como se fizesse um grande esforço para ajustar naquele corpo pequeno o mundo que guardava dentro de si. Nos conhecemos em uma parada de ônibus no Eixo Monumental, na altura da Praça do Cruzeiro. Não sei, até hoje, o seu nome. Mas lembro bem de suas histórias. E de sua alegria. Embora faltasse em seu sorriso um par de dentes, ela ria um riso franco e, talvez, melancólico. A gente só de olhar podia saber que sua existência era perpassada por sofrimento. Ainda assim, ela dava conta de suportar a amargura da falta, da fome, da privação. Da cidade.
Essas mulheres que vão pelas ruas, entre o concreto, são inspiração. São resistência pura. Continuar lendo